quinta-feira, 9 de janeiro de 2014


Sinto o vento do além a aproximar-se. O calafrio interioriza-se dentro de mim, sentindo o seu toque fatal e o seu beijo mortífero.
Finalmente chegaste! Vieste buscar tudo o que resta de mim. Um corpo moribundo sem sentidos, sem qualquer prazer em viver neste mundo.
Aprendi que viver é apenas uma morte constante e lenta. Deixei de acreditar na essência da vida e do amor. Tudo que sinto é um imenso vazio e um ódio de mim mesmo por acreditar em algo que nunca existiu e nunca existirá.
O medo que sinto noite após noite tornou-se uma doença. Ninguém consegue ver a angústia nos meus olhos. Procurei mil e uma formas para libertar esta dor, mas não conseguia encontrar maneira de apagar. Escapar da própria vida parece ser agora a única solução.
- Eu sou nada! Quero morrer!
Mas, na verdade, eu já estou morto…



sexta-feira, 8 de novembro de 2013

I dream in the darkness...


This is where I escape from the evils of life
And I don’t see the truth of reality.
Nothing can disturb me beyond my disorder,
Aside from my damned insanity.

No one knows how I feel
Nobody knows what I need.
I lose myself for several times 
Because there's nothing inside of me.

If I dream in the darkness
I must deserve to die.
God, please
Erase my sins
Erase my life
There is no reason to lie…
Lie to my mind.

I can’t hide the emptiness between us.
After all the insane battles, I realized I had to fall.
My place is in the ruins of darkness,
In the world of nothingness.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sem remédio...

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar.

Florbela Espanca

quarta-feira, 18 de abril de 2012

My Immortal

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

I've tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're still with me
I've been alone all along


quinta-feira, 12 de abril de 2012

Conhecer...

Conhecer... Estou a aprender a conhecer-te. Aprender a entender as tuas acções, reacções e emoções.

As palavras saídas da tua boca são agentes da minha atenção. São essas palavras que me ajudam a entender a tua intenção. Palavras que são um mega universo para o meu e o teu entendimento. Sim, é importante para mim entender o teu intuito, assim como para ti. Eu sei disso. Não é?

É, deste modo, que assimilamos o verbo conhecer. Ambos estamos a construir o conhecimento da nossa ligação. Nós conhecemos, e continuadamente, nós conheceremos…

Por isso: Não tenhas medo da sensibilidade, porque eu também estou a batalhar contra o mesmo medo. E não tem sido tarefa fácil! Mas sei que contigo valerá a pena voltar a sentir a amabilidade.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Desentendimento...

Cortando-me aos pedaços

E costurando as estigmas atribuladas.

Ritos mútuos e contínuos,

Apaziguadores de uma alma procriada.


Não entendo tanta dor,

Não entendo este tormento.

Oh medo, tu revives dentro de mim

Flagelando a minha alma sem nenhum pudor.


O silêncio é a melodia do sofrimento.

A escuridão - a metafísica do questionamento.

O discernimento - a perdição dentro do momento.


Decidi definitivamente não acordar.

Não há razão para batalhar,

Não há nada que me faça acreditar.



Por isso, por uma última vez, abro os meus olhos

E observo o céu sombrio da terra.

Ele é tão gracioso e penoso ao mesmo tempo,

É a tela permanente à mais de uma era.


É a representação obscena da interrogação…



domingo, 19 de fevereiro de 2012

Liberação dos Tormentos

Noutro dia senti uma saudade imensa de escrever. Uma saudade que me fez querer coscuvilhar todos os textos que escrevi.

Li. Reli. Reflecti. Todos esses textos relatam pensamentos e sentimentos. Todos esses textos retratam imagens e melodias sentidas em mim. Estava tudo isso aglomerado em papel. Todos esses textos estavam escritos em diversos papéis. Meros papéis, que para mim teve sempre uma enorme importância. Papéis, que consentiram a minha caligrafia e rabiscos de raiva. Toda essa raiva expressa em palavras que partiam do meu interior. Um interior que explodia dor, choro, angústia, amor e morte. Palavras que expressavam tanta amargura.

Porquê que as palavras podem-nos tocar tanto? É estranho! Mas no fundo sinto um gozo em sentir esse toque.

A sensibilidade das palavras é como fortalezas de sentidos construídas à volta do coração. Uma barreira que nos defende ou, então, que nos desmoronei-a, prostrando-nos, assim, no chão.

Todavia, há que saber sentir. Há que saber sentir a dor e a sanidade das palavras. Há que saber sentir a dor e a sanidade da vida. Nada é perfeito! Mas nem tudo é imperfeito.

Hoje, dou um diminuto grito de liberdade. Um grito de liberação dos tormentos! Tenho caminhado sobre os trilhos da felicidade que tem sido tão afortuno para mim. Felicidade que tem sido arquitectada como um edifício.

Neste momento, encontro-me em remodelação ao apoio por diversos operários. Operários esses que estimo e admiro muito (Obrigado amigos pelo amparo e conselhos).

Nunca tive grande jeito para escrever, mas foi sempre o meu pequeno e grande mundo de resguarda. O que me interessa em tudo isto é libertar-me.

Desta maneira, remato este meu último texto com um maravilhoso excerto de uma pessoa que estimo imenso, que resume a memória das memórias:

"Tenho pena de todas as memórias, tenho pena que desse lugar me tenham restado todas estas memórias, agora encaixotadas no armazém do pensamento, isoladas da realidade do hoje e do amanhã, perpetuadas no ontem: passados meus. Como fui guardar tudo isto em mim? Podia esquecer mas não posso, não posso apagar de mim o que sou, porque o que sou é o ontem, o hoje e o amanhã, o que sou são todos os passados meus, todos os futuros que serão, qualquer dia, passados diferentes e, ainda assim, passados. Tenho em mim todas as coisas, tenho em mim todos os meus Eus, nunca aprendi a separar-me deles. Acho que nunca o quis de verdade. Fui-me só deixando soltar, libertando-me das correntes, daquelas correntes que me prendiam a um chão imutável, a um chão sempre chão e sempre igual, estático. Já guardei todas as folhas escritas numa pasta preta, dentro de um saco de uma loja qualquer, fechado naquela mala que nunca tenho de abrir. Lembro-me sempre que estão lá, mas já não tenho de os tocar todos os dias, já não quero ler-me daquela forma.

Quando regresso ao lugar, sei que ele me reconhece, sei bem que ele sabe que cheguei. Sinto o cheiro daquele momento, do momento em que lhe disse, adeus, não posso mais estar aqui. Ele não me disse nada, durante tanto tempo ele não me disse nada. Sei que não me compreendeu, sei que não sabia a dimensão de tudo por dentro do meu peito, por dentro da minha carne rasgada. Depois, comecei a sentir o alívio do perdão, hoje ele sabe bem porque foi preciso desistir. Nem sempre desistimos para morrer, nem sempre desistimos para esquecer. Por vezes, é preciso desistir para regressar.

Por isso, hoje quando volto e piso aquele chão, penso que já não existem ali verdades para me agredir, tudo está onde devia estar. Amor e luz, paz. Finalmente, eu estou exactamente onde devia estar. " by. Joana Rita Inocêncio